João
10:10 é uma passagem que possui uma confortável e doce palavra de
nosso Senhor Jesus Cristo. Mas quanta riqueza podemos extrair dessas
simples palavras? Elas sintetizam a profundidade do Evangelho de
Deus. Sim, como boa notícia, esta mensagem visa levar todas as
pessoas que a recebem com alegria à serem resgatadas da escravidão
do pecado e viverem eternamente. Isso tem sido pregado por muitos
irmãos em Cristo, em todos os lugares e a muito tempo.
Mas
em que de fato se constitui o evangelho em sua totalidade? O que é
na verdade vida em abundância? Se é algo abundante e insondável,
deve ser algo que afete todos os aspectos da caminhada humana, não
apenas eliminando o destino de em algum momento ter suas forças
vitais extintas.
Tendo
respondido estas questões poderemos então, cumprir nosso chamado,
de forma completa, anunciando o evangelho assim como Paulo e os
demais Apóstolos pregavam: “A mim, o menor de todos os santos, me
foi dada esta graça de pregar aos gentios o evangelho das
insondáveis riquezas de Cristo”(Efésios
3:8).
A partir dessa comissão que Paulo recebeu, podemos começar a
compreender o que é essa abundância de vida. Essa vida é uma
insondável riqueza, que é objeto da ideia central do Novo
Testamento, bem como de toda a Bíblia. Vejamos o que Romanos 9
tem
a nos dizer sobre esse assunto:
“Quem
és tu, ó homem, para discutires com Deus?! Porventura, pode o
objeto perguntar a quem o fez: Por que me fizeste assim? Ou não tem
o oleiro direito sobre a massa, para do mesmo barro fazer um vaso
para honra e outro, para desonra?” (Versículos 20-21). Estes vasos
para desonra, simbolizam a condição do homem que não tem o Senhor.
Toda a humanidade é destinada à perdição, ou destruição, como
“vasos de ira”. Mas com infinita paciência, Deus suportou essa
humanidade rebelde, e por amor providenciou uma redenção para estes
“vasos” (Versículo 22).
“a
fim de que também desse a conhecer as riquezas da sua glória em
vasos de misericórdia, que para glória preparou de antemão”
(Versículo 23). O desejo de Deus, é que o homem reconheça sua
condição caída, deplorável e que depende totalmente da
misericórdia do Senhor. Assim os vasos que estavam destinados à
destruição, são resgatados para servir a Deus e viver eternamente.
Mas o importante, é que esses vasos não são salvos, simplesmente
para não serem destruídos, mas para serem cheios! Cheios de quê?
Das riquezas da glória de Deus!
Se
prosseguirmos em nossa leitura, no desenvolvimento deste contexto no
próximo capítulo, chegaremos ao famoso: “se com tua boca
confessares…” (Romanos
10:9).
Assim veremos como estas riquezas estão intimamente relacionadas à
salvação dos pecadores, mas não se limita somente a isto. Alguns
versículos à frente lemos: “…uma vez que o mesmo é o Senhor de
todos, rico para com todos os que o invocam.” (Versículo 12).
Agora mais uma vez batemos de frente com estas insondáveis riquezas
de Cristo. Está ficando cada vez mais claro, que a salvação dos
pecadores, não possui um fim em si mesma. Mas é para a vontade do
Senhor, de fazer conhecer, ou seja, demonstrar, declarar, tornar
notórias as riquezas da Sua glória em “vasos” salvos por
misericórdia e não por mérito próprio. Assim nenhum homem terá
de que se gloriar.
Primeiro
vimos que o “vaso” é salvo, depois, ele é preenchido pelas
riquezas de Deus. Isso é um principio básico desse rico e maravilho
evangelho. Até o momento, estas insondáveis riquezas ainda são um
mistério para nós. Mas elas estão presentes e relevadas em todo o
Novo Testamento:
Colossenses
1:26-27
diz:
“o mistério que estivera oculto dos séculos e das gerações;
agora, todavia, se manifestou aos seus santos; aos quais Deus quis
dar a conhecer qual seja a riqueza da glória deste mistério entre
os gentios, isto é, Cristo em vós, a esperança da glória;” O
coração e comissão do Apostolo Paulo, era de pregar, revelar este
mistério: a riqueza que Deus deseja colocar em nosso interior para
expressar a Sua glória por meio do homem, é Ele mesmo.
As
promessas de Deus não se resumem em nos salvar, para que tenhamos
uma vida eterna, em cima de uma nuvem, enquanto tocamos harpa. Ele
deseja uma transformação, uma renovação na mente do homem.
Tal
transformação ou santificação, não é meramente uma mudança na
conduta exterior do homem, mas é algo que acontece de dentro para
fora. Isso só pode ocorrer, se tivermos o próprio Senhor habitando
em nosso interior. O evangelho, não é um conjunto de doutrinas e
exigências para uma mudança na conduta humana. Mas é a boa
noticia, de que “aquele que começou boa obra em vós há de
completá-la” (Filipenses
1:6).
Deus
não deseja, esforço e preocupação do homem, em fazer o que bom e
correto. Durante a época do antigo Testamento, a Lei fez tais
exigências aos homens. Por meio do Novo Testamento, não podemos
dizer que a Lei foi revogada. Antes de tudo, ela é santa. Mas sua
função, para nós hoje, é única e exclusivamente, mostrar-nos
nossa própria condição, para que reconheçamos nossa total
dependência ao Senhor (Romanos
3:19-20,23).
A
redenção é para que haja possibilidade de Deus habitar no homem.
No tempo de Adão, Deus não habitava com Ele, apenas vinha em um
determinado horário conversar com o homem. Com Abraão, foi da mesma
forma, apesar de ser visitado pelo Altíssimo, não há indicação
bíblica de que Abraão, tenha tido a presença de Deus a cada
momento. Mas quando o povo de Israel saiu do Egito, o tabernáculo
foi edificado para que Deus estivesse sempre no meio do povo. Isso
ocorreu, porque no tabernáculo se ofereciam sacrifícios a Deus,
pelos pecados dos homens. Assim a proximidade de Deus com homem foi
possível, pois são os nossos pecados que fazem separação entre
Deus e o homem, sendo que aqueles sacrifícios eram uma forma de
redenção. Mas este habitar de Deus no meio do povo, era algo ainda
exterior, e as ofertas deviam ser periodicamente renovadas.
Assim
aqueles sacrifícios, são apenas sombras, ou seja, símbolos do que
Cristo faria, se entregando por nós, pela nossa redenção. Por meio
da obra redentora de Cristo, temos a verdadeira e eterna redenção,
um sacrifício que possui eficácia eterna, de uma vez por todas.
Tornando possível que Deus e o homem são reconciliados, Deus passa
a habitar em seu interior, para ser tudo para este ser amado do
Senhor.
Caro
leitor, agora você consegue perceber a profundidade do propósito de
Deus na redenção de Cristo? As promessas de Deus, não tratam
apenas de viver eternamente, mas de ter a própria gloria de Deus.
Seu Evangelho anuncia que Ele, está nos chamando para termos Sua
própria glória. Mas como isto acontece?
“Visto
como, pelo seu divino poder, nos têm sido doadas todas as coisas que
conduzem à vida e à piedade, pelo conhecimento completo daquele que
nos chamou para a sua própria glória e virtude, pelas quais nos têm
sido doadas as suas preciosas e mui grandes promessas, para que por
elas vos torneis co-participantes da natureza divina, livrando-vos da
corrupção das paixões que há no mundo” (2ª
Pedro 1:3-4).
Isso é possível não pelo esforço do homem, não se trata de
mérito, mas de humildade e dependência de Deus. A boa obra que o
Senhor está completando em nosso ser é incluir em nós, a própria
natureza divina. É assim que as riquezas da gloria de Deus são
conhecidas dentro de vasos de misericórdia. Pelo divino poder do
Senhor, Ele tem introduzido em nosso ser, tudo o que nos conduz à
vida e a piedade, e a expressarmos Sua própria gloria e virtude. Não
se trata de exaltação do homem, não se trata de obtermos a mesma
autoridade que Deus como Lúcifer desejou, mas de genuína santidade,
que alcançamos única e exclusivamente pelo habitar de Deus em nosso
interior. Nesta mesma passagem, a partir do versículo 5 até o 7,
encontramos o propósito dessa co-participação humana na natureza
divina, que visa introduzir no homem, todas as virtudes e qualidades
que nosso Deus é e possui. É de fato neste ponto que tais riquezas
se tornam insondáveis, pois é impossível enumerar ou mesmo medir
todas as qualidades de Deus, até mesmo uma única qualidade, a
exemplo do amor de Deus que excede todo o entendimento humano.
Então,
no versículo 8 é dito: “Porque estas coisas, existindo em vós e
em vós aumentando, fazem com que não sejais nem inativos, nem
infrutuosos no pleno conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo.”.
Tais qualidades são coisas que aumentam, crescem em nosso ser
gradualmente, ou seja, dia após dia. Mas isso só é possível
mediante a nossa co-participação na natureza divina, mediante o
habitar interior do Senhor em nosso espírito humano.
Isso
é um evangelho, uma boa noticia para todo crente em Cristo Jesus.
Pois todos nós temos a experiência de que é impossível ter tais
qualidades do Senhor em nós mesmos. Mas é esta a obra que Ele vai
completar na vida de Seus filhos. Porque Seu propósito para homem é
torná-lo semelhante a Si mesmo. Para isso Ele vem habitar em nosso
interior, para que um dia, Ele mesmo se expresse, se manifeste por
meio de nosso ser. Esta promessa de Deus foi profetizada pelo
apóstolo João em sua Primeira Epístola 3:2: “Amados, agora,
somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que haveremos de
ser. Sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a
ele, porque haveremos de vê-lo como ele é.”.
Assim
podemos perceber que essa vida em abundância que recebemos do
Senhor, essas insondáveis riquezas de Cristo, são na verdade o
próprio Deus. Ele mesmo se entregou à morte, para que pelo poder da
ressurreição, fossemos restaurados para o mesmo propósito pelo
qual Adão foi criado.
Caro
leitor, você conhece algo sobre o significado e origem do nome Adão?
No hebraico- língua em que o Antigo Testamento foi escrito- a
palavra Adão é a mesma palavra traduzida por homem. Essa palavra
define tanto a pessoa única de Adão, quanto a própria espécie da
criatura. Adão, ou homem em hebraico é םדא,
que transliterado fica Adâm, a interpretação comum, é que esta
palavra significa literalmente terra ou barro vermelho, mas a palavra
hebraica para terra ou barro vermelho, é המדא,
que transliterada pode ser Admah ou ad-maw que, lógico, originou
Adâm, isso está ligado ao fato de o homem ter sido criado do pó da
terra. Mas por outro lado, a divisão da palavra Adâm, mostra outra
natureza, podemos dividi-la, em dois radicais: o primeiro, já que em
hebraico se escreve da direita para a esquerda, é a letra א
(Aléf
ou Aleph), que na tradição judaica, é tida como uma das letras que
representam o nome de Deus. O segundo radical é a silaba םד
(dam),
que significa sangue. Seguindo esta linha de raciocínio, poderemos
concluir que o homem foi feito com o sangue de Deus. Isto está
relacionado ao fato de o homem ter sido criado, a imagem de Deus
conforme Sua semelhança. Assim o homem, foi criado de forma
totalmente diferente de todo o restante da criação. Recebemos a
honra de termos sido criados segundo duas naturezas, uma terrena (pó
da terra) e outra divina, para vivermos em união com Deus (sangue de
Deus).
O
fôlego de vida soprado nas narinas do boneco de barro, não é
meramente capacidade de viver, porque a palavra traduzida por fôlego
de vida em Gênesis
2:7,
é a mesma palavra traduzida em Provérbios
20:27
como
espírito do homem. De acordo com 1
Coríntios 6:17,
o espírito humano é o meio pelo qual o homem pode ser unido ao
Espírito de Deus. Claro, nunca teremos participação na pessoa de
Deus, nem nos tornaremos a mesma pessoa, mas como casa Dele, somos
transformados, e Ele poderá expressar-se plenamente por meio de nós.
Não é que Ele vai nos fazer entrar em um estado de “possessão
santa” com o Espírito Santo, ou nos controlar como se fosse por
meio de um controle remoto. Mas Sua vida inundará todo o nosso ser,
restaurando toda a nossa mente, de acordo com a mente de Cristo. É
por esta razão, que Jesus disse que a procura do Pai, era por
aqueles que o adorem em espírito, porque é por meio do espírito
humano que Deus entra em união com o homem.
Quando
o homem caiu, Deus disse: “…Eis que o homem se tornou como um de
nós, conhecedor do bem e do mal; assim, que não estenda a mão, e
tome também da árvore da vida, e coma, e viva eternamente”
(Gênesis
3:22).
Você tem alguma dúvida de que Deus queria que o homem, tivesse tal
discernimento do bem e do mal? O problema é que ao comer do fruto da
árvore errada, esta capacidade foi introduzida no homem de forma
independente de Deus. Assim o espírito do homem, perdeu sua
utilidade, ou seja, entrou em um estado de morte espiritual. A morte
espiritual seignifica que o espírito humano, não está em condições
de entrar em união com Deus e ser Sua morada, estando assim, morto
para Deus e Seu propósito, pois por causa do pecado nos é
impossível estar unidos com o Senhor (Isaías
59:1-2).
Mas foi para resgatar o homem à este propósito que de graça e por
amor e misericórdia, Jesus deu Sua vida, estas são as genuínas
bençãos espirituais das quais Paulo tanto falava (Efésios 1:3;
2:1-10). Agora podemos ser habitação de Cristo, para que um dia
sejamos tomados de toda a plenitude de Deus (Efésios
3:17-19).
O
propósito de Deus, ao nos dar nova vida, e vida em abundância, é
para que possamos dizer: “logo, já não sou eu quem vive, mas
Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo
pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por
mim” (Gálatas
2:20).
Se tão somente pudermos crer, e aplicar dessa realidade espiritual
em nossa vida, que tipo de pessoas nos tornaremos dia após dia, não
entristecendo o espírito.
Esse é o propósito de salvar o “vaso”, para enchê-los de vida abundante, ou seja, das riquezas insondáveis de Cristo. Vida em abundancia neste sentido não se resume simplesmente na capacidade de viver eternamente, mas em viver de modo digno, guiado pelo Espírito de Deus em Seu propósito, de nos fazer semelhantes a Ele mesmo!
Pr.
Alisson Lopes
Ministro da Palavra e Blogueiro Cristão
Ministro da Palavra e Blogueiro Cristão
FONTE:
http://espadadoespiritosanto.blogspot.com.br/
Nenhum comentário:
Postar um comentário