O primeiro a ser entrevistado foi o esposo que, perguntado sobre quais seriam as grandes qualidades que ele cultivou e que fizeram com que o seu casamento fosse duradouro, não titubeou e respondeu:
- Não tenho dúvidas, as grandes qualidades são generosidade e dedicação. Por exemplo, eu adoro comer o bico do pão, aquela parte mais durinha, mas desde que casei abri mão deste prazer, eu sempre deixo o bico do pão para a minha esposa. Generosidade e dedicação fizeram com que nosso casamento durasse tanto.
Em seguida a esposa entrou no estúdio para também gravar seu depoimento. A entrevistadora lhe fez a mesma pergunta: “Quais as grandes qualidades que você cultivou para que o seu casamento fosse um sucesso?”. Ela respondeu, também sem pestanejar:
- As qualidades que eu aprendi a cultivar nesses sessenta anos de convivência foram a tolerância e o perdão. Por exemplo, eu odeio o bico do pão, mas o meu marido, egoisticamente, deixa sempre o bico do pão para mim. Para não haver desavença eu me submeto a comer algo que não gosto.
A história é fictícia, mas a nossa parábola encerra lições valiosas para a vida a dois, sejam casais, namorados, noivos, amigos ou família:
1ª Lição – Relacionamentos duradouros não são sinônimos de relacionamentos felizes, muitas vezes pequenas mágoas vão se acumulando ao longo do tempo de tal forma que não justificam por si só a separação, mas que vão, pelo seu acúmulo, criando um abismo criando uma união baseada em conveniências;
2ª. Lição – Pequenas frustrações podem ser como um grão de areia que sozinho pode não incomodar, mas somando-se a outros tem o potencial de criar uma imensa montanha de ressentimentos. Muitos relacionamentos estão passando pela mesma situação, onde um pensa estar fazendo o certo, mas na realidade está ferindo de morte o outro;
3ª. Lição – Aceitar as coisas sem expor aquilo que lhe magoa é um péssimo caminho para a resolução de conflitos, pois alimenta ressentimentos e acumula mágoas e pode até ser injusto, o outro pode nem sequer ter consciência do prejuízo que está causando;
4ª. Lição – Amor, perdão, generosidade, dedicação e tolerância são fundamentais para um casamento duradouro, mas um casamento feliz necessita de mais um ingrediente: diálogo. Sem diálogo não há como conhecer o outro, não há como saber o que precisa melhorar. Sem diálogo o casal torna-se uma confraria de estranhos que vivem juntos, mas que, por mais que se esforcem, jamais poderão fazer deste relacionamento uma união feliz.
O casal da nossa história aparentemente tinha tudo para ser feliz, mas sofria por falta de diálogo. Ele se punia privando-se daquilo que lhe trazia prazer porque não teve o cuidado de perguntar à sua esposa do que ela gostava. Ela se submetia a algo que detestava porque não falava para seu esposo sobre o que a incomodava. Ele se julgava generoso e dedicado, ela o achava simplesmente egoísta.
Nos dias de hoje, quando o casal trabalha fora, chega cansado, assiste TV e vai dormir. Pouco tempo sobra para o diálogo e quando acontece fala-se dos filhos, das finanças, da família, mas pouco se conversa sobre o relacionamento a dois, sobre as necessidades de cada um e renovar o compromisso do casal. Deste modo, muitas vezes o relacionamento vai sendo minado aos poucos e a separação pode ocorrer de forma até surpreendente.
Esta reflexão é um convite para o diálogo, quando foi a última vez que vocês conversaram sobre o relacionamento sem que isto significasse uma briga, uma discussão, uma mágoa? Abra espaço para o diálogo. Este é o primeiro passo para um relacionamento restaurado e feliz.
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