A salvação vem do Senhor, e Ele decide como salva a cada um e a cada qual, e sábio é todo aquele que não se escandalizar diante de Seus feitos. O que está transcrito acima é a genealogia dos filhos de Jacó, e o início da genealogia de Judá, um de seus filhos. Judá virou referência messiânica na genealogia histórica da salvação.
Quem lê Mateus 1, fica logo sabendo que é de Judá que vem o rei Davi, e é de Davi que procede Jesus, o Cristo. Além disso, todo o resto da história de Israel, depois de Judá ganhou a vitalidade de um ramo novo e forte, donde procede sempre o Renovo da Graça entre os filhos de Abraão.
O que me chamou a atenção, hoje, na leitura do texto acima, não me veio como uma “revelação”. Ao contrário, já falei, escrevi e afirmei inúmeras vezes o que disse acima e também direi a seguir. O que me chamou a atenção na genealogia do livro de Crônicas, foi o seguinte:
1. Judá casou com uma importante mulher cananéia, e dela gerou três filhos. Sendo que o primogênito nasceu e cresceu com perversidade no coração. A tal ponto que a Bíblia diz que Deus o matou. Você pode imaginar Deus matando o primogênito de Judá? Ora, se assim foi, fica provado que não havia qualquer virtude em Judá na produção de filhos melhores para Deus. Não era Judá quem dava filhos a Deus. Era Deus quem dava filhos a Judá.
2. O Ato Redentor na vida de Judá, foi um ato moralmente incestuoso e indecente aos nossos sentidos. Aquilo que Deus realizou para salvar o DNA da Salvação Histórica, nos é moralmente ofensivo e repugnante. Por muito menos temos “desmaios” freqüentes. Há, porém, um “porém” quando se estabelece a distinção entre os filhos de Judá com a cananéia, e a geração de Judá na esperança da Graça.
Assim é que Gênesis 38 conta a história. Leia com carinho e atenção. Nesse tempo Judá desceu de entre seus irmãos e entrou na casa dum adulamita, que se chamava Hira, e viu Judá ali a filha de um cananeu, que se chamava Suá; tomou-a por mulher, e esteve com ela. Ela concebeu e teve um filho, e o pai chamou-lhe Er. Tornou ela a conceber e teve um filho, a quem ela chamou Onã. Teve ainda mais um filho, e chamou-lhe Selá. Estava Judá em Quezibe, quando ela o teve.
Depois Judá tomou para Er, o seu primogênito, uma mulher, por nome Tamar. Ora, Er, o primogênito de Judá, era mau aos olhos do Senhor, pelo que o Senhor o matou. Então disse Judá a Onã: Toma a mulher de teu irmão, e cumprindo-lhe o dever de cunhado, suscita descendência a teu irmão. Onã, porém, sabia que tal descendência não havia de ser para ele; de modo que, toda vez que se unia à mulher de seu irmão, derramava o sêmen no chão para não dar descendência a seu irmão. E o que ele fazia era mau aos olhos do Senhor, pelo que o matou também a ele.
Então disse Judá a Tamar sua nora: Conserva-te viúva em casa de teu pai, até que Selá, meu filho, venha a ser homem; porquanto disse ele: Para que porventura não morra também este, como seus irmãos. Assim se foi Tamar e morou em casa de seu pai. Com o correr do tempo, morreu a filha de Suá, mulher de Judá. Depois de consolado, Judá subiu a Timnate para ir ter com os tosquiadores das suas ovelhas, ele e Hira seu amigo, o adulamita. E deram aviso a Tamar, dizendo: Eis que o teu sogro sobe a Timnate para tosquiar as suas ovelhas.
Então ela se despiu dos vestidos da sua viuvez e se cobriu com o véu, e assim envolvida, assentou-se à porta de Enaim que está no caminho de Timnate; porque via que Selá, o terceiro filho de Judá, já era homem, e ela lhe não fora dada por mulher. Ao ver a Tamar, Judá julgou que era uma prostituta, porque ela havia coberto o rosto.
E dirigiu-se para ela no caminho, e disse: Vem, deixa-me estar contigo!—porquanto não sabia que era sua nora. Perguntou-lhe ela: Que me darás, para estares comigo? Respondeu ele: Eu te enviarei um cabrito do rebanho. Perguntou ela ainda: Dar-me-ás um penhor até que o envies? Então ele respondeu: Que penhor é o que te darei? Disse ela: O teu selo, o teu cordão, e o cajado que está em tua mão. Ele, pois, lhos deu, e esteve com ela, e ela concebeu dele. E ela se levantou e se foi...tirou de si o véu e vestiu outra vez os vestidos da sua viuvez. Depois Judá enviou o cabrito por mão do seu amigo o adulamita, para receber o penhor da mão da mulher; porém ele não a encontrou. Pelo que perguntou aos homens daquele lugar: Onde está a prostituta que estava em Enaim junto ao caminho? E disseram: Aqui não esteve prostituta alguma. Voltou, pois, a Judá e disse: Não a achei; e também os homens daquele lugar disseram: Aqui não esteve prostituta alguma. Então disse Judá: Deixa-a ficar com o penhor, para que não caiamos em desprezo; eis que enviei este cabrito, mas tu não a achaste.
Passados quase três meses, disseram a Judá: Tamar, tua nora, se prostituiu e eis que está grávida da sua prostituição. Então disse Judá: Tirai-a para fora, e seja ela queimada. Quando ela estava sendo tirada para fora, mandou dizer a seu sogro: Do homem a quem pertencem estas coisas eu concebi. Disse mais: Reconhece, peço-te, de quem são estes, o selo, o cordão, e o cajado! Reconheceu-os, pois, Judá, e disse: Ela é mais justa do que eu, porquanto não a dei a meu filho Selá. E nunca mais tocou nela como mulher.
Sucedeu que, ao tempo de ela dar à luz, havia gêmeos em seu ventre; e dando ela à luz, um pôs fora a mão, e a parteira tomou um fio encarnado e o atou em sua mão, dizendo: Este saiu primeiro. Mas recolheu ele a mão, e eis que seu irmão saiu; pelo que ela disse: Como tens tu rompido! Portanto foi chamado Pérez. Depois saiu o seu irmão, em cuja mão estava o fio encarnado; e foi chamado Zerá.
Esta é a história, conforme a Bíblia.
O problema é que Deus resolveu o problema de Judá com uma solução estranha e bizarra: Tamar era nora de Judá, e foi ela aquela que se disfarçou de prostituta a fim de conceber do sogro—ela sabia o sogro que tinha! Tamar fez-se passar por uma “mulher da vida”, e seu sogro, ao passar, desejou-a. Então, ela “negociou” com Judá um pagamento pelo serviço. Como Judá não tivesse o “dinheiro” na hora, mas a “hora urgisse” assim mesmo, deixou com ela penhores para um resgate no dia seguinte.
Assim, um filho mau morre... Outro filho egoísta morre... Uma nora boa é deixada viúva... Um sogro indiferente ou magoado, não realiza o Direito da Vida, conforme o costume. E, então, é apanhado nas armadilhas de seus próprios desejos, a fim de engravidar a própria nora do filho que estaria na seqüência genealógica da salvação histórica. Vá entender!
Quanto mais eu leio a Bíblia, mas certo eu fico de uma coisa: Quão insondáveis são os Seus caminhos! Quão inexcrutaveis os Seus desígnios! Quão maravilhosos e misteriosos são todas as veredas de Deus! Quem foi o Sue conselheiro? Que poderá aconselhá-Lo? Assim, a mais estranha das histórias realiza a mais louca das Promessas: Trazer Deus para a morada dos homens, pois, o Filho do Homem, era filho de Judá e Tamar.
O homem espiritual discerne todas as coisas. O homem carnal, com elas se escandaliza, pois, lhe são loucura, visto que apenas se deixam discernir espiritualmente. Desse modo, Deus salva a quem quer, como quer e onde quer, e não se aconselha com ninguém acerca do bem que deseja realizar num mundo caído, onde nem sempre o Bem se realiza como algo Imediatamente Bom, visto que as coisas existem em permanente estado de contradição.
Mas Deus faz haver um “Porém” onde a coisa-em-si seria para nós “o próprio porém...” maligno das coisas. Só Deus sabe onde há um “porém negativo” e um “porém positivo”. Os nossos “poréms” não são os “poréms” de Deus, e os Dele não são os nossos. Portanto, não faça de seu “porém”, um “porém” para Deus. Antes, aceite o Porém de Deus quando ele se manifestar. Mas não ande pela vida criando “poréms”. Deus faz as coisas se transformarem em outras, mas não nos dá consentimento para caotizar a vida em nome da Soberania de Deus.
Essa “leitura” nem sempre é feita na hora em que as coisas que nós chamamos de ruins estão acontecendo. Judá, todavia, acolheu a Tamar e ela lhe deu a descendência que a ele daria sucessão, não qualquer sucessão, mas aquela que nos leva direto ao Emanuel: Deus Conosco!
Caio
Escrito sem correções. Foi apenas um “derrame” (27/07/03).
Escrito sem correções. Foi apenas um “derrame” (27/07/03).
FONTE: http://www.caiofabio.net/conteudo.asp?codigo=02236
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