"O primeiro a apresentar a sua causa parece ter razão, até que outro venha à frente e o questione (Provérbios 18:17)".
"Mãe, meu irmão me bateu!" Incontáveis vezes, na vida de mães no mundo inteiro, a cena começa assim. Uma criança chega correndo, acusando outra de algum crime digno de castigo severo. E toda mãe sábia reage com prudência, primeiro apanhando os fatos e depois decidindo como corrigir o problema. Às vezes, ela descobre fatos interessantes da boca da outra criança: "Bati nela, sim. Mas é porque ela agarrou o meu pescoço e estava me sufocando. Eu tive que bater nela para poder respirar." E para provar a sua alegação, este menino mostra as marcas dos dedos da irmã no seu pescoço. E assim continua o desafio de ser juíza dos próprios filhos. A mãe sempre faz questão de investigar os fatos, ouvir os dois lados da história, e só depois toma uma atitude em relação ao culpado ou culpados.
O sistema de justiça do nosso governo se baseia neste mesmo princípio. Qualquer um pode levantar acusação contra outro, mas o acusado tem direito de responder e se defender. É essencial ouvir os dois lados para aplicar a justiça.
Mas, nem todos refletem a mesma sabedoria e prudência. Muitas pessoas chegam às suas conclusões sem ouvir os dois lados. Um amigo chega reclamando da maldade feita por uma outra pessoa e o ouvinte se ira contra o malfeitor. Espere aí. Já ouviu o outro lado? Vai condenar a pessoa sem ouvir o resto da história?
"O primeiro a apresentar a sua causa parece ter razão, até que outro venha à frente e o questione (Provérbios 18:17 NVI)”. Não podemos avaliar diferenças com justiça sem ouvir os dois lados. Mesmo quando envolve amigos ou parentes que correm para nos falar sobre a maldade dos outros, precisamos ser justos e ouvir a outra parte.
Quando não conseguimos resolver o problema conversando com ambas as partes, podemos achar necessário chamar testemunhas para esclarecer os fatos. A importância de testemunhas é destacada no Velho e no Novo Testamentos. "Uma só testemunha não se levantará contra alguém por qualquer iniqüidade ou por qualquer pecado, seja qual for que cometer; pelo depoimento de duas ou três testemunhas, se estabelecerá o fato" (Deuteronômio 19:15). "...pelo depoimento de duas ou três testemunhas, toda palavra se estabeleça" (Mateus 18:16). "Não aceites denúncia contra presbítero, senão exclusivamente sob o depoimento de duas ou três testemunhas" (1 Timóteo 5:19). E cada testemunha tem obrigação de falar a verdade. "Não dirás falso testemunho contra o teu próximo" (Êxodo 20:16). "A falsa testemunha não fica impune, e o que profere mentiras perece" (Provérbios 19:9)."Por isso, deixando a mentira, fale cada um a verdade com o seu próximo..." (Efésios 4:25).
A justiça é uma das qualidades fundamentais do caráter do Santo Deus que nos criou. Nós que procuramos participar da natureza divina (2 Pedro 1:4), imitando o perfeito exemplo de Deus (Efésios 5:1; 1 Coríntios 11:1), devemos demonstrar a justiça quando procuramos entender as diferenças que surgem entre pessoas (Provérbios 21:3).
É especialmente difícil ser justos quando os problemas envolvem certas pessoas. Precisamos de cautela dobrada quando um dos lados é: Parente. A tendência é de defender a nossa própria família, concluindo que os outros estão errados. Pais tendem a defender os filhos. Irmãos tendem a defender um ao outro (exceto quando o conflito seja entre irmãos!). Mas, às vezes, nossos próprios filhos, irmãos ou pais podem errar. Devemos ouvir o outro lado antes de chegar à conclusão. Uma pessoa que já errou. Quando alguém já ganhou a reputação de ser briguento ou encrenqueiro, é muito fácil aceitar acusações contra esta pessoa. Por esse motivo, devemos fazer tudo para manter o nosso caráter e, conseqüentemente, a nossa reputação (Provérbios 20:7,11; 22:1). Mas não devemos aceitar acusações não provadas, mesmo quando a pessoa já errou diversas vezes no passado. Pessoas podem mudar. Outras pessoas, na sua astúcia, podem usar a má reputação do outro para ganhar vantagem: "Se todos já acreditam que fulano é mal, então por que não jogar a culpa nele?". Uma pessoa rica ou "importante". Todos enfrentam uma tentação de ser parciais quando há contenda entre pessoas de "classes" diferentes. A pessoa interesseira pode favorecer o rico, esperando algum favor no futuro. Mas Deus diz: "Não roubes ao pobre, porque é pobre, nem oprimas em juízo ao aflito, porque o Senhor defenderá a causa deles e tirará a vida aos que os despojam" (Provérbios 22:22-23). Nem devemos imaginar que o pobre está sempre certo.
O julgamento justo é imparcial: "Parcialidade no julgar não é bom. O que disser ao perverso: Tu és justo; pelo povo será maldito e detestado pelas nações. Mas os que o repreenderem se acharão bem, e sobre eles virão grandes bênçãos" (Provérbios 24:23-25).
Diferenças e contendas surgirão entre pessoas. Algumas delas chegarão a nós defendendo a sua postura e condenando a conduta do outro. Cabe a nós ser justos e ouvir os dois lados da história antes de chegar à conclusão. "Deus não faz acepção de pessoas" (Atos 10:34). Devemos seguir o exemplo dele!
Dennis Allan
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