Jovens
da classe média e média alta têm frequentado o noticiário
policial. Crimes, vandalismo, consumo e tráfico de drogas, deixam de
ser marcas registradas das favelas e da periferia das grandes
cidades.
O novo mapa do crime transita nos bares badalados, vive nos condomínios fechados, estuda nos colégios da moda e não se priva de regulares viagens ao exterior. Fenômeno, aparentemente surpreendente, é reflexo de uma cachoeira de equívocos e de uma montanha de omissões. O novo perfil de delinquência é o resultado acabado da crise da família, da educação permissiva e do bombardeio de setores do mundo do entretenimento que se empenha em apagar qualquer vestígio de valores.
O novo mapa do crime transita nos bares badalados, vive nos condomínios fechados, estuda nos colégios da moda e não se priva de regulares viagens ao exterior. Fenômeno, aparentemente surpreendente, é reflexo de uma cachoeira de equívocos e de uma montanha de omissões. O novo perfil de delinquência é o resultado acabado da crise da família, da educação permissiva e do bombardeio de setores do mundo do entretenimento que se empenha em apagar qualquer vestígio de valores.
Os
pais da geração transgressora têm grande parte da culpa. Choram os
desvios que crescem no terreno fertilizado pela omissão. O delito
não é apenas reflexo da falência da autoridade familiar. É
frequentemente, um grito de revolta e carência. A pobreza material
castiga o corpo, mas a falta de amor corrói a alma. Os adolescentes,
disse alguém, necessitam de pais morais, e não de pais materiais.
Refém
da cultura da auto-realização, alguns pais não suportam ser
incomodados pelas necessidades dos filhos. O vazio afetivo imagina na
insanidade do seu egoísmo, pode ser preenchido com carros, boas
mesadas e um celular para casos de emergência. Acuados pela
desenvoltura antissocial de seus filhos, recorrem ao salva vidas da
psicoterapia. E é aí que a coisa pode complicar. Como dizia Otto
Lara Rezende, com ironia e certa dose de injusta generalização, "a
psicanálise é a maneira mais rápida e objetiva de ensinar a odiar
o pai, a mãe e os melhores amigos". Na verdade, a demissão do
exercício da paternidade está na raiz do problema. A omissão da
família está se traduzindo no assustador aumento da delinquência
infanto-juvenil e no comprometimento, talvez irreversível, de
parcelas significativas da nossa geração.
Se
a crescente falange de adolescentes criminosos deixa algo claro, é o
fato de que cada vez mais pais não conhecem os próprios filhos. Não
é difícil imaginar em que ambiente afetivo se desenvolve os
integrantes das gangues bem-nascidas. A análise dos especialistas em
política pública esgrime inúmeros argumentos politicamente
corretos. Fala-se de tudo. Menos de crise da família. Mas o nó está
aí. Se não tivermos firmeza de desatá-lo, assistiremos acovardados
e paralisados a uma espiral de crueldade sem precedentes. É uma
questão de tempo. Infelizmente.
Certas
teorias no campo da educação, cultivadas em escolas que fizeram uma
opção preferencial pela permissividade, também estão apresentando
um amargo resultado. Uma Legião de desajustados, crescida à sombra
do dogma da educação não-traumatizante, está mostrando a sua face
antissocial. Ao traçar o perfil de alguns desvios da sociedade
norte-americana, o sociólogo Christopher Lach (autor do livro A
rebelião das Elites) sublinha as dramáticas consequências que
estão ocultas sob a aparência da tolerância:
"Gastamos
a maior parte da nossa energia no combate à vergonha e culpa,
pretendendo que as pessoas se sentissem bem consigo mesmas." O
saldo é uma geração desorientada e vazia. A despersonalização da
culpa e a certeza da impunidade têm gerado uma onda de
super-predadores. Basta pensar, por exemplo, no exibicionismo
violento dos pit-boys das noites cariocas e paulistas.
O
inchaço do ego e o emagrecimento da solidariedade estão na origem
de inúmeras patologias. A forja do caráter, compatível com o clima
de verdadeira liberdade, começa a ganhar contornos de solução
válida. A pena é que tenhamos de pagar um preço tão alto pra
redescobrirmos o óbvio.
Alberto
Di Franco
Nenhum comentário:
Postar um comentário