Malcon
Smith definiu legalismo como um caldo mortífero. Quem dele se nutre
adoece e morre. O legalismo é uma ameaça à igreja, pois dá mais
valor à forma do que a essência, mais importância à tradição do
que a verdade, valoriza mais os ritos religiosos do que o amor. O
legalismo veste-se com uma capa de ortodoxia, mas em última análise,
não é a verdade de Deus que defende, mas seu tradicionalismo
conveniente. O legalista é aquele que rotula como infiéis e hereges
todos aqueles que discordam da sua posição. O legalista é
impiedoso. Ele julga maldosamente com seu coração e fere
implacavelmente com sua língua e espalha contenda entre os irmãos.
As
maiores batalhas, que Jesus travou foram com os fariseus legalistas.
Eles acusavam Jesus de quebrar a lei e insurgir-se contra Moisés.
Vigiaram os passos do Mestre, censuravam-no em seus corações e
desandaram a boca para conspirar contra o Filho de Deus as mais
pesadas e levianas acusações. Acusaram-no de amigo dos pecadores,
glutão, beberrão e até mesmo de endemoniado. Na mente doentia
deles, Jesus quebrava a lei ao curar num dia de sábado, mas não se
viam como transgressores da lei quando tramavam a morte de Jesus com
requinte de crueldade nesse mesmo dia.
O
legalismo não morreu. Ele ainda está vivo e presente na igreja.
Ainda é uma ameaça à saúde espiritual do povo de Deus. Há muitas
igrejas enfraquecidas e sem entusiasmo sob o jugo pesado do
legalismo. Há muitos cultos sem vida e sem qualquer manifestação
de alegria, enquanto a Escritura diz que na presença de Deus há
plenitude de alegria e delícias perpetuamente. J. I. Packer em seu
livro Na Dinâmica do Espírito diz que não há nada mais solene do
que um funeral. Há cultos que são solenes, mas não há neles
nenhum sinal de vida. Precisamos nos acautelar contra o legalismo
e isso, por três razões:
1.
Porque dá mais valor à aparência do que ao coração.
Os
fariseus gostavam de tocar trombeta sobre sua santidade. Eles
aplaudiam a si mesmos como os campeõess da ortodoxia. Eles eram os
separados, os espirituais, os guardiões da fé. Mas por trás da
máscara de santidade escondiam um coração cheio de ódio e
impureza. Eram sepulcros caiados, hipócritas, filhos do diabo.
2.
Porque dá mais valor aos ritos do que às pessoas.
Os
legalistas são impiedosos com as pessoas. Censuram, rotulam, acusam
e condenam implacavelmente. Não são terapeutas da alma, mas
flageladores da consciência. Colocam fardos e mais fardos sobre as
pessoas. Atravessam mares para fazer um discípulo, apenas para
torná-lo ainda mais escravo do seu tradicionalismo. Os legalistas
trouxeram uma mulher apanhada em flagrante adultério e lançaram-na
aos pés de Jesus. Não estavam interessados na vida espiritual da
mulher nem nos ensinos de Jesus. Queriam apenas servir-se da situação
para incriminar Jesus. Os legalistas ainda hoje não se importam com
as pessoas, apenas com suas idéias cheias de preconceito.
3.
Porque dá mais valor ao tradicionalismo do que à verdade.
Precisamos
fazer uma distinção entre tradição e tradicionalismo. A tradição
é a fé viva daqueles que já morreram enquanto o tradicionalismo é
a fé morta daqueles que ainda estão vivos. A tradição,
fundamentada na verdade, passa de geração em geração e precisa
ser preservada. Mas, o tradicionalismo, filho bastardo do legalismo,
conspira contra a verdade e perturba a igreja. Que Deus nos livre do
legalismo. Foi para a liberdade que Cristo nos libertou! Aleluia.
Pr.
Hernandes Dias Lopes
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