- Alô, papai, eu estou numa encrenca daquelas. Este pessoal não está brincando. Se você não der a eles 75 mil dólares, eles vão me matar. Eles estão falando sério. Com esse inesperado telefonema em 22 de setembro de 1982, a família Baucom da cidade d e La Marque, Texas, EUA, mergulhou num pesadelo. Durante os vários dias que se seguiram, uma história angustiante surgia: a angústia de um pai, a provação de um filho.
Michael Baucom, de 21 anos, estava vendo televisão em casa uma noite, quanto ouviu três batidas na porta. Ao abrir, se viu olhando diretamente para o cano de um enorme revólver. O estranho cabeludo que o apontava forçou caminho para entrar. Atrás dele veio outro homem apontando uma espingarda. Eles obrigaram Michael a ir para a cozinha, amarraram suas mãos, vendaram-no e amordaçaram-no. Empurrando-o para fora, os dois o fizeram entrar em sua própria caminhonete. Entraram com ele e sumiram na noite. Eles seguiram ao norte de Houston para uma área florestal num campo de petróleo abandonado. Lá, os seqüestradores fizeram Michael repetir duas mensagens num gravador. A primeira, como viram acima, simplesmente dizia que queriam 75 mil dólares. A segunda dava instruções detalhadas sobre onde ir para entregar o dinheiro.
Depois da gravação, os seqüestradores de Michael o levaram para uma caixa de madeira enterrada no chão. Deram-lhe uma garrafa cheia de água e um pedaço de pão, depois o obrigaram a se deitar na caixa.
- Fica frio - disse um dos homens - se tudo der certo, nós voltaremos daqui a dois dias para te buscar. Os dois puseram uma tampa na caixa, trancando Michael lá dentro. Colocaram também 4 tubos de plástico para ele poder respirar. Finalmente, jogaram terra para fechar o buraco. No espaço de uma hora, Michael Bucom tinha passado do conforto de ver televisão em sua casa ao terror de ser enterrado vivo em algum lugar desconhecido e deserto, literalmente abandonado.
No dia seguinte, Benny Baucom recebeu um telefonema em sua firma. Ele ouviu a voz fraca e assustada de seu filho Michael na fita com a seguinte mensagem:
- Eles estão falando muito sério. O Sr. Baucom teve que lutar contra o pânico. Contou a alguns funcionários da firma o que tinha havido e depois foi para casa contar a notícia para sua mulher.
Rapidamente chamaram o chefe de polícia local. Depois de interrogar o casal, ele notificou o FBI. Aí, começou a espera agonizante.
Benny Baucom não tinha idéia de onde estava seu filho, se estava vivo ou morto. Só sabia que os seqüestradores queriam 75 mil dólares. Às 4h30 da manhã seguinte o telefone tocou na casa de Benny. Era a mesma mensagem gravada de Michael. Dessa vez, o pai interrompeu gritando:
- Diz logo como você quer o dinheiro! Uma voz de homem disse rápido: - Você tem dois dias para arrumar o dinheiro. A conversa durou apenas 25 segundos, curta demais para o FBI localizá-la. A espera continuou. Benny decidiu esperar em seu escritório. Recebeu várias ligações de vendedores e engenheiros, mas nem sinal dos seqüestradores.
Finalmente, sexta-feira à noite, eles ligaram. Era a voz de Michael repetindo instruções sobre a entrega do resgate. No final Benny disse nervoso:
- Ei, quero falar com meu filho! Tenho o dinheiro, mas onde está Michael? Mas eles já tinham desligado. A angústia desse pai me lembra muito um outro Pai, separado tragicamente de seu amado filho. Você se lembra da mensagem que esse Filho enviou na escuridão a Seu Pai?
"Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?" (Mateus 27:46). Jesus Cristo disse essas palavras quando estava preso numa cruz romana. Estava morrendo. O Pai Celeste podia ouvir Sua voz. Cortou-lhe o íntimo, mas Ele não podia responder. Isso era parte da tragédia. Ele não podia simplesmente salvar Seu Filho, poupando-O da terrível provação. Isso porque tanto o Pai quanto o Filho tinham feito um pacto para salvar o mundo. O Filho havia se oferecido para ser o substituto da humanidade pecadora e o Pai tinha prometido aceitar esse sacrifício para a redenção de todos os que cressem.
Veja como Paulo explica isso: "... Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados..." II Coríntios 5:19. Muitas pessoas no passado pintavam o Pai como algum tipo de divindade, perpetuamente zangado, determinado a destruir seres humanos pecadores e em contraste, pintavam um Jesus caridoso, que dá Sua própria vida a fim de tornar o Pai mais misericordioso, para forçá-Lo assim a nos perdoar. Isso é uma distorção da verdade. Temos que lembrar que Deus estava reconciliando o mundo consigo mesmo em Cristo. O Pai queria nos reconciliar. Ele ansiava tanto por nós que estava disposto a entregar Seu único Filho nas mãos de homens cruéis. Como vimos, a Escritura claramente ensina que o Pai e o Filho são ambos provedores da nossa salvação. O Pai e o Filho, ambos sofreram na cruz. O Deus todo-poderoso teve que assistir Seu Filho ser torturado, sem poder fazer nada.
Benny Baucom sentia uma sensação semelhante de impotência. Parte de sua angústia vinha do fato de ele ter uma noção muito boa de quem era responsável pelo seqüestro de seu filho. Todas as evidências apontavam para um ex-funcionário inescrupuloso chamado Ron White. Nesse ponto, a angústia de Baucom se transformou em fúria. Ele comprou duas caixas de munição, carregou seu rifle e foi de carro até onde Ron White morava: um trailer em Houston. Ele não estava em casa e não havia sinal da caminhonete de Michael. Ele esperou até anoitecer. Ninguém apareceu.
Amigo, o Pai Celeste, assistindo àquelas cenas terríveis no Gólgota, também sabia quem era responsável pelo sofrimento de Seu Filho. A dureza dos soldados romanos que enfiavam lanças no corpo de Jesus, a crueldade desumana daqueles que riam do Messias agonizante e, acima de tudo, a angústia mental e espiritual que atormentava esta imaculada ovelha de Deus, não era apenas ação humana. Um inimigo estava por trás de tudo numa controvérsia de vida ou morte com Deus quanto ao destino da humanidade. Era Satanás instigando a crueldade humana; era Satanás instigando Cristo, insistindo para que Ele descesse da cruz. Deus Pai sabia exatamente quem era esse inimigo. Ele o tinha conhecido cara a cara no Céu. Agora, esse Lúcifer tinha se tornado o destruidor; Seu amado Filho estava nas mãos dele e o Pai só podia ouvir a voz atormentada e enfraquecida de Cristo.
Depois que Micahel Baucom foi enterrado naquela caixa de madeira, ele teve que lutar muito contra uma forte sensação de pânico. Ninguém ouvia seus gritos de socorro. Nos vários dias de isolamento ele enfraqueceu e sofreu de desidratação. À medida que os dias e noites se passavam, Michael manteve as esperanças de resgate, mas ninguém apareceu. Ele se deu conta de que se por acaso chovesse, ele se afogaria. Formigas o atormentavam picando suas mãos e pálpebras. Ele tinha alucinações de ser devorado até virar um esqueleto. Michael sabia que seus pais o amavam, mas ali, naquele buraco escuro, enterrado vivo, ele se sentia de todo abandonado. Será que alguém que o amava sequer sabia onde ele estava?
No evangelho de Mateus, temos uma passagem que descreve a provação do Messias em termos semelhantes. O próprio Jesus está falando: "Porque assim como esteve Jonas três dias e três noites no ventre do grande peixe, assim o Filho do homem estará três dias e três noites no coração da terra." Mateus 12:40.
Jesus, na verdade, ficou na sepultura apenas de sexta à noite até domingo de manhã. Por que então Jesus usa a experiência de um homem que permaneceu vivo no ventre de um peixe durante três dias e três noites como um presságio de Sua própria experiência? Creio que a resposta está na natureza da provação que o Filho de Deus vivenciou. Seu sofrimento não começou com o primeiro prego que atravessou Seu pulso, começou algum tempo antes.
Você se lembra que, quando Jesus caminhava com Seus três discípulos pelo Jardim do Gestêmani, Ele "começou a ficar muito angustiado e perturbado"? Ele se aproximou de algumas oliveiras para orar e Sua angústia aumentou a ponto de Seu suor se tornar como gotas de sangue escorrendo de Seu rosto para o chão. Jesus implorou a Seu Pai pedindo: "Afasta de mim esse cálice".
Tudo dentro desse homem se manifestava em pavor diante da provação à sua frente. Que provação era essa? Os pecados de todo o mundo desabavam em Seus ombros com o peso esmagador da culpa da humanidade. É impossível imaginar o que isso significava a alguém tão sensível e puro como Cristo. Parecia um fardo insuportável para Ele. Veja o que diz o profeta Isaías: "Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si... Mas ele foi ferido pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades..." Isaías 53:4,5.
Como Jesus foi "moído"? Pelo peso terrível de nossas iniqüidades. Começaram a moer Sua vida bem ali no Getsêmani. Por isso Ele ficou tão angustiado. Por isso Seu suor escorreu como sangue. O pavor do próprio inferno envolveu o Filho de Deus. Ele se sentiu separado de Seu Pai. Um sufocante sentimento de culpa o pressionava contra o chão. Jesus ficou três dias e três noites no "coração da terra". Ele foi enterrado vivo pelos nossos pecados. Foi de todo abandonado. Graças a Deus Jesus aceitou esse fardo insuportável. Ele conseguiu dizer: "Seja feita a tua vontade." Durante aquela noite Ele carregou esse fardo de abandono pelos mais próximos a Ele, de abuso pelos soldados. Ele carregou tudo ao longo dos julgamentos diante de Herodes e Caifás. Carregou tudo isso até o Calvário e Sua provação final na cruz. O tempo todo enterrado vivo pelo esmagador pecado do mundo. Quando o corpo quebrado do Salvador foi colocado na sepultura e a pedra fechou a entrada, Sua causa parecia totalmente perdida.
Benny Baucom se agarrou à esperança de que seu filho seqüestrado seria encontrado a tempo. Chegou uma hora em que foi instruído a levar o dinheiro do resgate ao estacionamento de um determinado mercado e esperar uma chamada em um telefone público. Ele fez o que mandaram e esperou três horas antes que o telefone tocasse. Tão perto, no entanto tão longe. Que angústia esse pai deve ter sentido... Foi a hora mais negra, mas justo quando a esperança começava a morrer, os investigadores acharam uma pista.
Dois ajudantes do xerife do município de Montgomery, ao norte de Houston, foram chamados para investigar um homem num veículo suspeito parado em frente a um empório. O homem falou-lhes a respeito de um casal que tinha pedido que levasse água ao acampamento deles. Os policiais começaram a procurar no bosque e acharam o acampamento. Logo, detiveram um homem e uma mulher no local. Eles admitiram que Ron White havia estado no acampamento. Um dos policiais, sabendo que a vítima do seqüestro tinha que ser encontrada rápido, tentou um blefe. Ele disse ao homem no acampamento.
- Olha, eu sei que você está com o Michael e parece que o White se mandou e largou vocês com esse "abacaxi". Então, no que nos diz respeito, você é o seqüestrador e se alguma coisa acontecer com o rapaz, você vai ser acusado de seqüestro.
O blefe deu certo. O homem levou a polícia ao campo de petróleo abandonado. Eles começaram a gritar o nome de Micahel e logo ouviram uma voz fraca e abafada respondendo debaixo da terra. Os policiais, chocados, começaram a cavar freneticamente com as mãos. Um deles achou um buraco de respiração, enfiou o braço o máximo que pôde e sentiu uma mão agarrar a sua tão forte que não queria mais soltar. Finalmente, depois de cinco longos dias de agonia, a vítima fora encontrada. Quando os policiais tiraram a tampa da caixa de madeira e Michael olhou para rostos humanos amigos, sentiu-se miraculosamente voltar à terra dos vivos. Pouco depois, o chefe da polícia bateu à porta dos Baucom e disse quatro palavras que imediatamente transformaram seu mundo:
- Nós estamos com Michael. Mãe e pai foram levados ao tribunal do município de Montgmoery e lá, enfim, puderam abraçar seu filho. Ele havia sobrevivido aos seqüestradores. Tinha sido enterrado vivo e sobrevivera. Ele não era mais uma voz ao telefone que eles não podiam ajudar. Ele estava lá, cansado e um pouco magro, mas inteiro e feliz em seus braços. Pouco depois, Ron White foi preso e condenado por seqüestro com tortura.
Jesus Cristo, embora moído pelo pecado do mundo e abandonado por seus amigos mais queridos, miraculosamente Se levantou da sepultura. Não permaneceu enterrado e abandonado. Em I Coríntios 6:14, no meio do seu discurso, Paulo diz: "Deus ressuscitou o Senhor ... pelo seu poder." Deus Pai encontrou Seu Filho amado de novo. Embora tivesse que abandonar Jesus na cruz com nossos pecados, embora tivesse apenas que observar, o sacrifício agora estava completo, a provação havia acabado. Jesus tinha ressurgido em cores brilhantes depois de haver suportado um fardo insuportável. O plano para salvar a humanidade, que Deus Pai havia elaborado, teve pleno sucesso. Satanás, o seqüestrador, que queria tanto destruir o Filho e enterrá-lo de vez, foi exposto e derrotado. Essa é a grande essência da ressurreição.
Jesus Cristo emergiu da sepultura como vitorioso e glorioso, completamente triunfante sobre as forças do inimigo. Ele é o Senhor de todos, é Senhor num sentido muito especial, não apenas porque Ele é Deus, não apenas devido à Sua posição inerente no Universo. Ele é Senhor porque mereceu. Por Seu sangue, suor e lágrimas, de Nazaré ao Getsêmani e ao Calvário, Ele mereceu. Ele é o único que merece. A ressurreição não fala só de sobrevivência, não fala só de achar um meio de burlar a morte. É uma grande declaração de triunfo, uma grande comemoração entre o Pai e o Filho que alegremente se abraçam, não mais separados pelo horror da culpa e do pecado humanos. O apóstolo Paulo fala do "incomparável e grande poder" de Deus: "Segundo a operação da força do Seu poder, que manifestou em Cristo, ressuscitando-o dos mortos e pondo-os à sua direito nos céus." Efésios 1:19,20.
O Pai tinha ficado impossibilitado de agir durante as terríveis cenas do Calvário. Agora, podia mostrar Sua mão e Ele o fez poderosamente. Ele acordou Seu Filho com tal "força poderosa" que, quando Jesus passou pela pedra da sepultura, os guardas romanos caíram como mortos diante de Seu brilho. Mas o Pai ainda não havia terminado. Continuou despejando Seu incomparável poder finalmente liberado. Queria levar Seu filho de volta para casa. Cristo ascendeu para o Céu nas alturas, para a sala do trono de Deus e lá Se sentou como conquistador.
O apóstolo Paulo nos conta que o Pai podia agora pôr "todas as coisas sob seus pés". Jesus, o sacrifício, agora está "muito acima de todas as regras e autoridade, poder e domínio de qualquer título que se possa dar". Jesus Cristo assumiu Seu lugar no Céu, como Senhor de toda a raça humana. Isso é parte da boa nova, Jesus não apenas escapou da sepultura; Ele subiu ao Céu nas alturas como O Salvador. Tem autoridade para intervir no mundo em nosso nome. Tem o poder para nos salvar a todos. Tem o título acima de qualquer nome que se possa dar e um dia Ele virá de novo para reinar como o Rei da Glória.
Algum dia nós vamos vislumbrar o Senhor da glória face a face, o Senhor ressuscitado que nós celebramos. Ele conquistou a morte, triunfou sobre o pecado. Jesus triunfou sobre toda a tragédia humana, todo problema humano. Ele é aquele que dá vida nova a todos que vêm a Ele pela fé. Você pode confiar nEle quaisquer que sejam os seus fardos, quaisquer que sejam suas dificuldades atuais. Você pode confiar no Redentor ressuscitado.
Será que Jesus Cristo é o Senhor da sua vida hoje? Você pessoalmente Lhe conferiu este lugar? Ele adquiriu esse direito; foi sepultado por nossos pecados. Ressurgiu para nossa libertação. Eu lhe peço que o aceite como Senhor agora.
Pr. George Vandman
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